Otite – Aprenda a identificá-la em seu animal de estimação*
Por Drª Ana Flávia Ferreira*
A otite é um processo inflamatório que envolve a porção externa do ouvido, sendo uma das doenças mais frequentes
na clínica de pequenos animais e apresentando características
peculiares: dificuldade na prevenção, no tratamento e na eliminação das
causas que levam a reincidências.
Embora algumas raças de gatos tenham predisposição à otite, sua incidência é muito mais comum em cães, uma vez que a anatomia do ouvido dos gatos é, comparativamente, menos favorável às infecções.
A maioria das raças de cães apresenta um canal auditivo bastante
longo, quando comparado ao ouvido humano, o que as predispõe a
infecções e dificulta s tratamento.
Cães com orelhas longas e pendulares, como os das raças
Cocker Spaniel, Golden Retriever e Basset Hound, são mais predispostos a
problemas de ouvidos do que outros cães, pois as orelhas
pendulares obstruem a entrada de ar e a secagem adequada do canal
auditivo. O resultado é um ambiente quente, úmido e escuro; com
perfeitas condições de crescimento de microrganismos, como leveduras,
fungos e bactérias.
As inflamações de ouvido podem ser causadas por vários
fatores: parasitas, microrganismos, corpos estranhos, tumores e doenças
de pele. Os ácaros causadores de sarna de ouvido estão mais
relacionados a otites felinas. Já as bactérias e fungos, apresentam-se
como os principais agentes causadores das otites caninas e também das
felinas.
Os sintomas mais comuns da otite são agitação da cabeça,
coceira, esfrega das orelhas contra o chão, dor ao redor das orelhas e
cabeça, mau cheiro, secreções e perda de audição, geralmente relatada pelo proprietário.
O diagnóstico dessa doença deve levar em conta vários fatores, que
muitas vezes convergem para um tratamento de longa duração, e pode se
dar através de exame físico, otoscopia ou exames laboratoriais
(citologia, cultura e antibiograma).
Assim como acontece com os seres humanos, o uso descontrolado e
indevido de antibióticos contribui para o surgimento de bactérias cada
vez mais resistentes às medicações; daí a importância de se fazer um
diagnóstico preciso da doença.
Se a gripe mal curada leva a complicações, a otite tratada de
forma inadequada também. Otites crônicas e médias estão relacionadas a
otites externas mal curadas, em que a doença reincide, o tempo de
tratamento se prolonga e a necessidade de intervenção medicamentosa se
torna mais frequente.
O tratamento das otites está associado ao uso de medicação tópica e à limpeza dos ouvidos. Em alguns casos há a necessidade de se associar à medicação tópica, antibióticos e/ou anti-inflamatórios.
É importante lembrar que o sucesso terapêutico da medicação tópica
depende do proprietário respeitar a forma de tratamento indicada, a
maneira correta de executá-la, os intervalos de medicação e o tempo de
duração. Muitas vezes essa parte, que deveria ser a mais simples do
processo, torna-se justamente o entrave do sucesso do tratamento.
Não é possível prevenir completamente o surgimento de
otites, mas a limpeza rotineira dos ouvidos pode ajudar bastante,
principalmente nos casos de animais que já possuam esta predisposição.
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